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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Ex-dependente químico conta como se curou com a ibogaína e relata momentos difíceis da sua vida

Foram longos 50 anos lutando e tentando se livrar do vício das drogas, que começou lá na infância. Mas Hebert Anton Vilar Scheidl conseguiu. Atualmente aos 58 anos de idade, o homem da cidade de Tietê, no interior de São Paulo, finalmente encontrou sua cura na ibogaína.”Esse tratamento eu descobri num momento em que estava descrente, há mais de 10 anos que eu vinha procurando ajuda, tratamento, grupos, tive nove internações em clínicas, já fui preso e nada acontecia. Nas clínicas especializadas eu até conseguia superar a abstinência, mas era só eu sair que voltava tudo”, disse Hebert em entrevista.
“Li sobre a ibogaína numa revista. Achei estranho no começo, mas tive interesse. Na pior das hipóteses, eu iria fazer uma viagem louca. Assisti também uma matéria muito interessante sobre isso e me atraiu mais ainda. E aí fui fazer. A coisa simplesmente pegou, e pegou forte mesmo, quanto à questão do alucinógeno. E depois dessa viagem, da experiência, fui pesquisar mais porque fiquei impressionado”, explicou.
O tratamento inovador
Uma pesquisa realizada na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) divulgou esse novo método de tratamento que envolve uma raiz encontrada na África. O alcalóide extraído da casca da raiz do arbusto Tabernanthe iboga é utilizado em rituais africanos e funciona como um antídoto às drogas mais utilizadas atualmente.
A substância denominada ibogaína atua em alterações químicas estimulando a produção de dopamina no cérebro. Ela também proporciona alterações comportamentais, levando à reavaliação do paciente do seu passado, suas atitudes e a pensar o que pode tê-lo conduzido ao vício.
O milagre da ibogaína
“Parecia até que eu havia morrido, que estava no paraíso. Eu estava vivendo um pesadelo com as drogas, mas agora estou me sentindo vivo”, relatou Hebert, que iniciou o tratamento no início de novembro de 2015 no IBTA (Instituto Brasileiro de Terapias Alternativas) e, desde então, está livre das drogas. “Na dosagem teste já descartei o cigarro no dia seguinte. Eu fumava havia muitos anos”, admitiu o homem.
“As conversas sempre aconteciam na minha frente, como se eu não existisse”
A dependência começou lá atrás, ainda na infância, quando estudava em um colégio interno. “Muito antes de usar drogas, consegui identificar na minha infância, pelo que me recordo quando tinha entre cinco ou seis anos, que comecei a desenvolver a sensação de que havia algo de diferente comigo”, explicou.
“Talvez fosse o jeito como falavam de mim, como se eu não estivesse presente, as conversas sempre aconteciam na minha frente, como se eu não existisse, mas escutando cuidadosamente aqueles diálogos, lentamente comecei a montar o quadro do que se passava e a entender que os segredos em geral tinham a ver comigo”, completou Hebert.
Foi aos oito anos de idade que ele começou a usar drogas injetáveis, anfetamina, antes mesmo de começar a fumar. Seus pais se separaram e Hebert tinha o hábito de urinar na cama enquanto dormia. Um dos colegas de escola percebeu o drama que o menino vivia e resolveu drogá-lo. “O cara pegou a agulha e injetou em mim. Melhorei na hora, aquilo me confortava”, contou.
Consciente e inconsequente
O uso das drogas desencadeia outros problemas, como o furto. E Hebert precisava de dinheiro para manter o vício. “Tinha uma mercearia próxima da casa de meu avô materno, onde eu buscava algo para ele todo dia. Eu entrava, o dono demorava para vir dos fundos da loja, então eu podia encher os bolsos antes que o movimento da cortina me revelasse que o dono estava prestes a surgir”, lembrou.
“Pensava que estivesse endossando o estilo de vida rock’n roll, eu curtia a mitologia que rodeava a vida e estava deslumbrado”
“Eu comprava pães ou alguma bolacha usando o caderninho de compras da família e deixava o local com os bolsos cheios de ‘dadinhos’ de amendoim e tubos de goma colorida, ação e sabores que se tornaram meu primeiro vício”, explicou Hebert.
Segundo o homem, durante todo tempo em que usou drogas pensava que soubesse exatamente o que estava fazendo, que não era uma vítima indefesa de maneira alguma. “Fazia aquilo principalmente porque gostava do barato, mas, pensando bem, em parte também para esquecer a dor do amor que não tive e dos que perdi. Também pensava que estivesse endossando o estilo de vida rock’n roll, eu curtia a mitologia que rodeava a vida e estava deslumbrado.”
Os piores momentos
Hebert é casado desde 2009 com Mariângela, sua quarta mulher, e eles se conheceram em uma das clínicas em que ficou internado. Pai de seis filhos de outros três relacionamentos, o ex-dependente químico conta quais foram os piores momentos vividos durante o uso de drogas.
FONTE: http://gazetadoestado.com.br/ex-dependente-quimico-conta-como-se-curou-com-a-ibogaina-e-relata-momentos-dificeis-da-sua-vida/

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